sexta-feira, 20 de março de 2015

Ballet no Século XX

No iní­cio do século 20, as pes­soas come­ça­ram as se can­sar das ideias e prin­cí­pios do bal­let, con­forme Petipa, e bus­ca­vam novas ideias. O bal­let russo, nessa altura, já era mais famoso que o fran­cês e alguns bai­la­ri­nos já tinham fama inter­na­ci­o­nal. Uma das bailarinas mais famosas desse período era  Anna Pavlova.
Anna Pavlova como Gisele (1901)
Em 1909, Sergey Diaghilev levou o bal­let de volta para Paris, fun­dando a sua com­pa­nhia Ballets Russes. Faziam parte dela – Anna Pavlova, Tamara Karsavina, Adolph Bolm, Vitslav (Vaslav) Nijinsky, Vera Karalli. Mais tarde entra­riam: George Balanchine, Leonid Massine, Mikhail Fokin e Serge Lifar.
A estreia foi em 19 de Maio e obteve enorme êxito, prin­ci­pal­mente os homens, já que naquela época, tinham pra­ti­ca­mente desa­pa­re­cido dos pal­cos fran­ce­ses. Após a revo­lu­ção russa de 1917, a com­pa­nhia pas­sou a ser de emi­gran­tes e Diaghilev foi proi­bido de retor­nar para a Rússia.
Vaslav Nijinsky
 O Ballets Russes se apre­sen­tava, na maior parte, na Europa oci­den­tal, América do norte e sul. Eles esti­ve­ram em tem­po­rada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro entre 17 de Outubro e 1º de Novembro de 1913, e em 1917.
Anna Pavlova, que saiu do Ballet Russes um ano após a sua cri­a­ção, fun­dou sua pró­pria com­pa­nhia sedi­ada em Londres e veio ao Brasil em 1918, 1919 e em 1928.
Diaghilev começa uma par­ce­ria com o com­po­si­tor Igor Stravinsky, de onde sur­gi­ram qua­tro obras pri­mas: O Pássaro de Fogo (1910), Petrouchka (1911) – ambos com core­o­gra­fia de Mikhail Fokin,A Sagração da Primavera (1913), core­o­gra­fia de Nijinsky, e Pulcinella (1920), com core­o­gra­fia de Leonid Massine. Com exce­ção do último, são todos base­a­dos no fol­clore russo. A com­pa­nhia exis­tiu até a morte do seu fun­da­dor, em 1929.
A Sagração da Primavera

O ita­li­ano Enrico Cecchetti, após glo­ri­osa car­reira como pro­fes­sor e bai­la­rino na Rússia, foi o pro­fes­sor prin­ci­pal do Ballet Russes de 1910 até 1921. Em 1918 ele abriu sua escola em Londres, e em 1923 retor­nou para a Itália, tornando-se dire­tor da escola de bai­la­dos do Teatro La Scala. O crí­tico de bal­let Cyril Beaumont estu­dou o método Cechetti e, junto com Stanislas Idzikowsky, sin­te­ti­zou esse método no livro “Teoria e Prática da dança clás­sica tea­tral” (1922).
Vaganova foi aluna de Cecchetti e Petipa. Nos anos 20 e 30 do século XX, pas­sou a tra­ba­lhar um método pró­prio de ensino da dança clás­sica, mes­clando os conhe­ci­men­tos dos seus mes­tres, redigindo-o no livro “Fundamentos da Dança Clássica”. Em 1935, seguindo ordens gover­na­men­tais, Vaganova modi­fi­cou o final trá­gico do Lago dos Cisnes por um sublime.
A pres­são ide­o­ló­gica daque­les anos levou para a cri­a­ção de bal­lets com rea­lismo sovié­tico, den­tre eles pode­mos citar: Romeo e Julieta, com música de Prokofiev e core­o­gra­fia de Leonid Lavrovsky,Chamas de Paris, música de Boris Asafiev e core­o­gra­fia de Vasily Vainonen, A Fonte Bakhchisarai, música de Asafiev e core­o­gra­fia de Rostislav Zakharov, e Cinderela, música de Prokofiev e core­o­gra­fia de Zakharov.
Em 1933, pouco após a morte de Diaghilev, Lincoln Kirstein con­vida Balanchine para abrir uma escola de bal­let nos Estados Unidos, essa escola deu ori­gem à “Escola de Ballet Americano” de Nova York.
Muitos con­si­de­ram Balanchine como sendo o pri­meiro repre­sen­tante do cha­mado “Ballet Neo-clássico”. Um marco impor­tante da his­tó­ria é o seu bal­let Apollo, cri­ado ainda para o Ballet Russses na música de Stravinsky.
Nessa mesma época, em rea­ção aos limi­tes for­mais e seve­ros da dança clás­sica, acen­tu­ando a liber­dade e expres­são dos movi­men­tos, surge uma nova ten­dên­cia da dança, a Moderna. Ela sur­giu simul­ta­ne­a­mente nos Estados Unidos e Alemanha. Os pri­mei­ros gran­des repre­sen­tan­tes foram Loie Fuller, Isadora Duncan e Ruth St. Denis.
O pre­cur­sor dessa ideia de liber­dade em movi­mento pode ser con­si­de­rado o fran­cês Françoise Delsarte, quando, ainda no século XIX, cria a sua teo­ria de rela­ção entre o movi­mento humano e os sen­ti­men­tos: “sen­ti­men­tos e a sua inten­si­dade são a causa do movi­mento e a sua qualidade”.
Rudolph Labanc riou um novo sis­tema de aná­lise e escrita de movi­mento, con­si­de­rado o mais com­pleto de todos os tem­pos; a Kinetography, ou Labanotation.
Marta Graham surge com ideias ino­va­do­ras e, em 1926, funda a sua com­pa­nhia, a mais antiga com­pa­nhia de dança dos Estados Unidos. Pode-se dizer, figu­ra­ti­va­mente, que ela é a res­pon­sá­vel por tra­zer a arte da dança para o século XX. Dentre as suas ino­va­ções, a cons­ci­ên­cia de que a res­pi­ra­ção está dire­ta­mente ligada à expres­si­vi­dade do movi­mento e o tra­ba­lho com o chão.  Merce Cunnigham está entre os seus alunos.
Marta Graham

Na segunda metade do século XX, a alemã Pina Bausch tam­bém dá novos rumos para a dança, inclu­sive na maneira de criar/coreografar, tirando os movi­men­tos do coti­di­ano da his­tó­ria de vida de cada um dos seus alunos.
Por fim (não refe­rente à cro­no­lo­gia da his­tó­ria), a dança clás­sica e a dança con­tem­po­râ­nea pas­sam a inte­ra­gir. Nomes mar­can­tes que devem ser cita­dos são o de: Jirí Kylián, Mats Ek, William Fosrythe, Nacho Duato e Maurice Béjart.
A dança contemporânea surgiu na década de 1960, como uma forma de protesto ou rompimento com a cultura clássica. Depois de um período de intensas inovações e experimentações, que muitas vezes beiravam a total desconstrução da arte, finalmente - na década de 1980 - a dança contemporânea começou a se definir, desenvolvendo uma linguagem própria. Os movimentos rompem com os movimentos clássicos e os movimentos da dança moderna modifica o espaço, usando não só o palco como local de referência.
A dança contemporânea é uma explosão de movimentos e criações, o bailarino escreve no tempo e no espaço conforme surgem e ressurgem ideias e emoções. Os temas refletem a sociedade e a cultura nas quais estão inseridos, uma sociedade em mudança, são diversificados, abertos e pressupõem o diálogo entre o dançarino e o público numa interação entre sujeitos comunicativos. O corpo é mais livre, pois é dotado de maior autonomia.
A dança contemporânea é uma circulação de energia: ora explosiva, ora recolhida. A respiração, a alternância da tensão e do relaxamento em Martha Graham, o desequilíbrio e o jogo do corpo com a gravidade em D.Humphrey; E.Decroux faz trabalhar o diálogo da pele e do espaço retornando às origens do movimento.
Merce Cunningham

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